Primeiro réu da Kiss a voltar para Santa Maria após ser solto paga promessa a Medianeira

O Dia dos Pais não é mais o mesmo para 246 famílias. Há 10 datas, uma década, o distante 27 de janeiro para o calendário do segundo semestre, esvaziou-se. Motivo para celebrar? Nenhum. Esse é o sentimento de 242 famílias que perderam seus filhos na tragédia da Kiss e para mais quatro pessoas que, às vésperas deste 14 de agosto, ganharam a liberdade. Logo cedo, na manhã desta sexta-feira, Marcelo de Jesus dos Santos, 42 anos, um dos réus do processo criminal do Caso Kiss, embarcou em São Vicente do Sul e viajou por cerca de duas horas até Santa Maria. Desde que os acusados pelo incêndio foram presos, em dezembro do ano passado, foi a primeira vez que um deles pisou em solo santa-mariense – os quatro foram soltos em 3 de agosto, após a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado anular o júri por 2 votos a 1.

Antes da ida até um centro de formação de condutores para refazer a documentação pessoal, um compromisso inadiável, ao lado da advogada Tatiana Borsa e de uma das filhas: pagar uma promessa na Basílica da Medianeira. Para não chamar atenção, de maneira discreta, Marcelo conversou com exclusividade o Diário na parte lateral da basílica. São 20 quilos a menos em oito meses e a intenção de falar publicamente somente depois do desfecho da nova fase do processo, que não tem previsão para terminar.

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“Eu não quero que ninguém sinta pena, não é esse sentimento que a gente tem que ter e também não é o sentimento de vingança”, afirma Tatiana Borsa, advogada de Marcelo de Jesus dos Santos no Caso KissCom acórdão do julgamento que anulou o Júri da Kiss publicado, começam os prazos para recursos“Nós não esperávamos resultado que não fosse a anulação do julgamento”, avalia advogado de Mauro Hoffman, réu da Kiss

Questionado sobre ter sido solto coincidentemente no mês em que se comemora o Dia dos Pais, Marcelo não festejou o fato de poder passar a data ao lado das filhas. Mas recordou dos 242 pais que não terão a mesma oportunidade. Sem “vitimização”, termo que a própria advogada Tatiana rechaça, Marcelo se manteve firme, mesmo que desconfiado, durante pouco mais de 10 minutos de conversa. Ganhou um abraço afetuoso da ferrenha defensora enquanto recordava da promessa a Medianeira, despediu-se e entrou no carro. A breve visita dele ao Coração do Rio Grande deve durar pouco. Segundo o pai da Nathalia, 22 anos, e da Stefani, 14, São Vicente do Sul será o endereço do Dia dos Pais.

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